Eu queria ter feito um poema, mas foi impossível colocar tanta coisa na minha parca habilidade poética, então, resolvi escrever sobre alguma dessas coisas.
Queria ter escrito sobre o assombro que causa o fato de flores dançarem sob a brisa e fazerem o mesmo sob forte vento. Também escrever umas linhas sobre como elas conseguem colorir qualquer paisagem, sem importar se são simples como a flor-de-linho ou sofisticadas como a orquídea. Minha audácia era maior ainda: queria eu ter descrito com minúcias, o quanto causa estranheza a qualquer um que seja capaz de observar, a firmeza com que elas se deixam fluir livremente com as outras energias e experiências vivas do seu entorno. Desejava descrever a maravilhosa a fascinação que tenho quando me dou por conta de que uma flor mesmo depois de seca e sem cor, ainda assim é o que é, ainda assim é flor!
Pois bem, esse era o meu pretensioso plano. Nada mais natural que eu seja pretensioso, já que fui ensinado a pensar, diante de minha condição de homem, que eu poderia pisar em flores se me fosse conveniente, que poderia comprar seu perfume em frascos se assim o quisesse, que poderia sintetizar sua beleza em vulgares retratos.
Ledo engano!
Flores sempre serão capazes de transtornar à brutalidade desses maus ensinamentos. Se valem para isso de sua diversa cor, de seu cheiro que se imprime onde passa e que passa em todo o lugar, também se valem do valente dançar ao vento, donde bailam loucas e livres sem se dobrar.
Ah! Flores, em cada singularidade um universo de encanto!
Em tempo: flores também tem espinhos e fazem espirrar, mas isso elas deixam para aqueles que querem lhes fazer mal.