23 março, 2010

Simples

É boa a sensação que me invade quando vejo a cama desarrumada com teus livros, tuas coisas, teu cheiro. Acho que é por isso que faço questão de não arrumar nunca.
Na verdade, eu diria que essa bagunça deliciosa causada pela tua presença vívida é imprescindível para a alegria existir. Desconfio que a Alegria, enquanto ente, de quando em quando te usa para se fazer palpável aos incautos.
Como é fácil achar motivos para a felicidade e para o amor e para a luta e para o hoje e para o amanhã, quando estou ao teu lado.
Como é difícil exprimir em palavras o teu significado. Me valho das licenças poéticas sem fazer poesia, me valho das palavras repetidas com o desejo de que fossem únicas.
Curtos períodos mal-formados, risonhas letras que vem do afã de querer te amar cada vez mais e mais.

18 março, 2010

Visita Singular

Em certo dia, veio uma licenciosa brisa visitar.
Não tinha mais do que um olhar gracioso, voo em angulos hesitantes e uma invasiva sutileza de fazer arrepiar.

Não tinha mais que um sonho cheiroso, música em um tons intrigantes e uma evasiva risada que me fez atrapalhar.

O Elementar em três atos!

Do carbono faz-se o material, que ao material tem desejoso apego.
Da ironia faz-se o tempo e as histórias, em seus pitorescos percursos.
Dos estranhos, nos fazemos a todos diante um do outro.

15 março, 2010

Assim, agora...

...
Intenso,
molhado,
calado,
incontável...

Colado,
roubado,
público,
insaciável...

Onírico,
secreto,
lírico,
incontrolável...


Crítico,
mítico,
imprudente,
irresponsável...

Sem métrica,
nem ética...

Teu beijo urge em mim.

Extratos de um diálogo qualquer I

Ela: -Tu ficas te lamentando pelas pessoas que te abandonaram, mas nunca te vi lamentar as pessoas que tu abandonou!

Eu: ...

10 março, 2010

O Essencial!

Faltou-me saber fazer a paixão alvorecer todos os dias.
Faltou-me saber o valor do sorriso precioso que sempre sorriu pra mim.
Faltou-me saber ouvir ao que a boca não articulava por querer me beijar, mas que olhos grandes e sinceros diziam sem cessar.

Mas dentre tanta ausência, há uma falta que sozinho não posso consertar...

Faltou-me você!

Confissões

Quantos tremores causastes com teu beijo. Logo eu, guerreiro desalmado, de um abraço desarmado, sucumbi à tua boca, à tua luxúria, ao nó de tuas coxas.

Inapelável condição de ser teu amante num dia, no outro não, esses doces caprichos que regra se tornarão.

Aquela pálida luz me fez confudir a cor dos teus olhos com a matiz de meus delírios, pálida luz que fez notar cada pedaço de pele esquadrinhada pelo meu desejo, suplicando pelo meu amor em doces martírios.

Amada amante, só tu saberás e mais ninguém, o caminho para onde os outros não sabem existir, um passeio para estarmos além.

Vigília

Só mais uma noite de gelado breu,
Minha orelha fria, descoberta espera,
Um uivo do vento ou um sussurro teu.

Desejo-te II

Desejo-te prender em braços e abraços,
Entralaçar-me em tuas pernas, pelos teus pêlos.
Fazer-te o avesso.
Desejo-te se desfazendo de tal prisão,
Em soluços sôfregos,
De gozo e paixão.

Atenção!

Tudo tem sonoridade ao meu redor. As línguas das bocas sentadas na fila de bancos atrás, o monitor brilhante com suas enormes caixas falantes, o cão e a criança em suas impertubáveis brincadeiras, o avião que passa sobre a construção maquinada do outro lado rua, as flores crescendo, as estrelas se desprendendo das vigas do céu, que em eterno rugido movimenta-se.
...
E eu ali, ouvindo o silêncio da tua ausência!

Autobiografia completa

Loucas idéias,
desditosas intenções.
Insufucientes palavras,
as mesmas lições...

...o tolo menino, rindo-se em aflições.

Busca

Procuro em um campo de flores que se perde na vista... Talvez um bosque, mesmo que de uma árvore só... Na verdade, procuro o teu colo,  para ali deitar!

(originalmente janeiro de 07, revista em março de 09)

Profecia Cármica

Ainda hoje, hei de ousar passear por uma alameda qualquer, planejando sonhos quase palpáveis, enquanto dou passos impossíveis. Ainda hoje, vou sorrir ao lembrar dos beijos que não foram, e mesmo assim arrepiaram não só minha pele, mas também minh'alma. Ainda hoje, vou sustentar-me em pé diante da grandeza do que há por sentir... E vou sentir todas essas coisas e toda tua pele... Mas agora, vou limitar-me ao próximo passo impossível, nessa alameda interminável, de sonhos, dias, desejos... E mesmo depois de caídas, ao meu lado, milhares de florzinhas amarelas estarão me acompanhando, brincando, a se rir gostosamente de minhas aventuras e desventuras!

(originalmente em julho de 06, revisitada em março de 09)

Mãe...

Houve um dia singular.

Neste dia, as pessoas se reuniram com quem gostavam e com quem desgostavam, engoliram suas certezas, ou pelo menos mantiveram elas presas em suas bocas. Permitiram que o mundo se fizesse pesar devidamente sobre seus ombros ao mesmo tempo que se destituíam do próprio peso.

Todas aquelas pessoas se juntaram para fazer algo que há tempos se furtavam de fazer, pararam um instante no caminho convulsivo de sua loucura para prestar homenagens a uma flor que se desprendeu de seu galho, e que foi deitada entre muitas outras flores colhidas para lhe servir de cama, e também essas flores se esforçaram mais do que o comum para ser perfume naquele dia.

De tudo, porém, tenho certeza de que daquelas flores, o único cheiro que levo está ligado à minha própria existência, porque aquele cheiro foi o primeiro a me envolver em minha louca vida, a sustenta nos dias de sanidade, a resgata nos ímpetos da Insanidade.
 
Dadivosa Rosa, obrigado por minha vida querida mãe!

Até um dia...

Declaração

Aos beijos cálidos que ganhei, dou minha rendição, declaro-me conquistado!
Dos beijos que nunca cheguei, recebi minha redenção, declararam-me libertado!

(maio de 2006)

Intrigante pensamento

"Não sei como
Mas acho que me perdi,
Num brilho de olhos que nunca vi!"

(maio de 2006)

Ode aos felinos olhos

Sínteses dos segredos de minha vida, flagelos de um corpo distante... Que curvas são essas, que emolduradas em artifícios, fazem a pele arrepiar-se, arrancam suspiros de uma alma serena? Onde estão esses olhos, que escondidos encantam mais que o sussurro de uma ninfa ao pé-do-ouvido?

Toca em teu corpo uma sonata desregrada... Enlouquece os sentidos de quem ousa te ouvir em pensamentos... Faz teu cheiro ser carregado em brisa, para ser pesado na pele alheia... És alucinação? Ou sou eu fruto do surrealismo de uma mente em surda música?

Onde estás? Quero tuas notas em uma partitura sem linhas, gravadas com súplicas de desejo em cada poro suado de um corpo exausto em paixão que nunca chega!

Um delírio brutal, uma realidade sutil... Qual a diferença, se ambos povoam uma atordoada mente surpreendida em seus desejos?

(abril de 2006)

Ponto de Vista

Na retina do sensível, o turbilhão não causa um caos maior do que a poesia de que faz parte!

08 março, 2010

Do Dia Internacional das Flores

Eu queria ter feito um poema, mas foi impossível colocar tanta coisa na minha parca habilidade poética, então, resolvi escrever sobre alguma dessas coisas.

Queria ter escrito sobre o assombro que causa o fato de flores dançarem sob a brisa e fazerem o mesmo sob forte vento. Também escrever umas linhas sobre como elas conseguem colorir qualquer paisagem, sem importar se são simples como a flor-de-linho ou sofisticadas como a orquídea. Minha audácia era maior ainda: queria eu ter descrito com minúcias, o quanto causa estranheza a qualquer um que seja capaz de observar, a firmeza com que elas se deixam fluir livremente com as outras energias e experiências vivas do seu entorno. Desejava descrever a maravilhosa a fascinação que tenho quando me dou por conta de que uma flor mesmo depois de seca e sem cor, ainda assim é o que é, ainda assim é flor!

Pois bem, esse era o meu pretensioso plano. Nada mais natural que eu seja pretensioso, já que fui ensinado a pensar, diante de minha condição de homem, que eu poderia pisar em flores se me fosse conveniente, que poderia comprar seu perfume em frascos se assim o quisesse, que poderia sintetizar sua beleza em vulgares retratos.

Ledo engano!

Flores sempre serão capazes de transtornar à brutalidade desses maus ensinamentos.  Se valem para isso de sua diversa cor, de seu cheiro que se imprime onde passa e que passa em todo o lugar, também se valem do valente dançar ao vento, donde bailam loucas e livres sem se dobrar.

Ah! Flores, em cada singularidade um universo de encanto!






Em tempo: flores também tem espinhos e fazem espirrar, mas isso elas deixam para aqueles que querem lhes fazer mal.

01 março, 2010

Madrugada de calados pensamentos

Hoje me deixa sonhar no teu colo,
hoje não conta as horas.
Hoje me dá teu beijo em segredo,
hoje não corra para fora.

O amanhã é só quando acordar.

Anotações

Há tempos que em olhares furtivos te noto, que em linhas mal escritas te anoto.
Há tempos que a ausência vazia eu suporto, que com amenidades não me importo.
Há tempos que contra razão eu me revolto, que me perco em devaneio mas volto.

Autorizações

Te autorizo a me roubar a palavra, o tempo, a sanidade...
Me autorizo a roubar o teu cheiro pelo ar, só para compensar!